A arrogancia do nosso Sr. primeiro-ministro atinge agora limites preocupantes. Acrescido do facto de que, a laia de um two-step flow, a arrogancia aumenta por ocupar um dos cargos de maior relevo a nível Europeu; e, por outro lado, pelo próprio cargo, ainda que temporário, ser um facto exponenciador da imagem de Portugal para a Europa e, num limite, para o Mundo. E aqui, digo eu, nao estamos a marcar pontos...
Primeiro, a trapalhada da Cimeira UE-Africa...
É claro que nao digo que nao seja necessária, mas a novela actual é, de facto, uma reprise de há uns anos atrás. Já se tentou fazer isto. Nao resultou - também com um já quase típico veto britanico a presença de Robert Mugabe. Muito bem que se tente. Mas sem o desvario quase ingénuo com que o nosso Ministro dos Estrangeiros, Luís Amado, anunciou o evento que, com a mais absoluta certeza, resultaria num dos maiores sucessos da Presidencia Portuguesa da UE.O resultado está, para já, a vista. Quase nem se fala de quem vem. Nao. O que faz os títulos de jornal é quem nao virá a Lisboa, em Dezembro próximo.
A juntar a petulancia de Sócrates, aí está Brown. O PM ingles, sem ainda por uma vez sequer ter feito uma "apariçao" oficial na Uniao Europeia boicota a grande prioridade da Presidencia, e uma daquelas que deveria estar no topo da maioria dos burocratas europeus em Bruxelas e em Estrasburgo.
É óbvio que o nosso PM (muito pouco) socialista nao se ficou. No lugar de ficar quietinho, antes que a coisa de mesmo para o torto e o Pavilhao Atlantico esteja as moscas nos dias 8 e 9 de Dezembro, sem europeus nem africanos, surge Sócrates a garantir que, efectivamente, haverá Cimeira UE-África. Para ler aqui.
Na verdade, sobre o que, de facto, consta da agenda do encontro histórico entre os dois continentes é que ainda ninguém falou. Se Mugabe nao pode vir, segundo Gordon de Inglaterra, por questoes relacionadas com a violaçao sistemática de Direitos Humanos, entao, será este um tópico óbvio da agenda da reuniao?
E ainda que mal pergunte: nao será Mugabe uma espécie de bode espiatório? Quando brown disse, aqui, que nao aceitaria sentar-se na mesma mesa que uma pessoa que trata mal o próprio povo, entao, aceitaria sentar-se com os senhores que mandam na Libéria? no Sudao? no Congo? e na Guiné-Bissau?
Nao, nao disse. Mas Sócrates gostava de certeza de o ter dito alto e a bom som. Já nao é a primeira vez que o primeiro-ministro portugues escolhe os piores momentos e, sem dúvida, as piores palavras para saltar em defesa do amigo Putin.
A primeira vez foi a dias de pisar a Casa da Música, no porto, para receber em ombros a Presidencia rotativa da UE. Foi a Rússia, dormiu no Kremlin, correu na Praça Vermelha e aproveitou para dizer, para quem quis ouvir, que a Europa nao tem quaisquer licoes de moral ou de direitos humanos para dar a Russia. Isto, dias após a Cimeira do G8, em Heiligendamm, onde Angela Merkel saiu elogiada a esquerda e a direita, por governos e organizaçoes de defesa de direitos do mundo inteiro por, finalmente, ter posto os pontos em todos os ii com o Sr. Putin, no que respeita a violaçao de direitos humanos naquele grande país.
Hoje vemos outra vez a triste figura que Sócrates faz na cena internacional. Numa altura em que todos se questionam sobre a legitimidade (constitucional e moral) das novas intençoes de Putin, Sócrates vem, aqui, com leveza, explicar que isso tudo sao assuntos internos de Moscovo e que a Europa nao deve imiscuir-se nestas questoes. E mais, se a Europa quer manter boas relaçoes com Moscovo, entao, terá que respeitar este limite.
É óbvio que isto nao é mais do que a preparaçao para uma Cimeira UE-Rússia, cuja agenda nao ira alem dos temas da energia e da segurança. Ouvidos moucos, pois está claro. Já nos tinha habituado.
Sinceramente, nao sei se é burrice ou ingenuidade. Mas será mesmo que José Sócrates pensa sair em grande de uma tornée europeia pontuada a solavancos, pontapés ao lado e foras de jogo?
Prozac
PS.: Desculpas, aos poucos que nos visitam, pela falta de acentos. Teclados que nao falam portugues.
1 comentário:
acho que nao somos poucos.
Enviar um comentário