sexta-feira, 13 de julho de 2007

Das tendências

E agora, algo completamente diferente!
A verdade é que este post poderia ter milhares de títulos.

Da Liberdade.
Da hipocrisia.
Do obscurantismo.
Do contraste.
Da loucura.
Da idiotice.
Da dependência.

Ou outros. Eu sei lá.
Diz, portanto, que na Rádio Renascença saiu regra interna - claro, que estas coisas nunca se admitem do lado de fora, pelo menos por quem toma as decisões - que proibe os jornalistas de utilizarem a expressão "interrupção voluntária da gravidez". Os repórteres terão, por isso, de se referir sempre ao "aborto". Que, já agora, é um aborto de palavra.
Os patrões da rádio acham que a expressão em causa é demasiado soft e que não chega a exprimir - nem a espremer - a monstruosidade da prática.
Logo, sempre que um jornalista - mesmo salvaguardado (?) pelo seu Código Deontológico, pela Lei da Imprensa, pela autoridade do bom senso e até da sensibilidade - quiser falar de IVG, não pode.

Não vale.

Mas acontece que estas coisas se sabem, depois, nos corredores - ínfimos - reservados à imprensa, à porta de conferências de imprensa, conversas sussurradas e indignadas entre uns e outros, sendo que os 'uns' são os visados da regra.
Caramba. Isto tudo quando eu pensava que já ninguém pensava noutra coisa que não nas autárquicas na capital. Isto tudo numa época em que tornamos a ouvir falar de purga, de silenciamento de oposição - miúda, é certo -, de atentados à liberdade de expressão e até do direito à piadola.
Agora é esperar pela próxima. Pode ser que os jornalistas da RR qualquer dia tenham de trocar a expressão "homossexual" por "paneleiro" - porque descreve melhor a realidade, naturalmente.
É que se isto viesse da Polónia, nem havia motivo para espanto. Lá até o Tinky Winky foi perseguido, apenas e só, por ter um pequeno fetiche por malas de senhora. O Winnie the Poo safou-se de boa... E o rasgo dos senhores fundamentalismo polaco-europeu-pós-moderno-à-era-das-cavernas até deu direito a gargalhadas sonoras na sala de imprensa da Comissão Europeia.

Claro que tem piada. Mas vamos parar para pensar.

Desculpe, não se importa de repetir?!

Como é que a redacção da RR não se levantou aos berros?
Por que razão haveriam os senhores patrões da RR fazer descer o nível desta discussão tão baixo?
É que isto, quanto a mim, merece uma resposta de merda, como a regra.
É grave.
Não só é grave, como é ainda mais grave que nós, jornalistas, nos deixemos encruzilhar nestas teias de interesses - obscuros, retrógrados, sádicos e sintomáticos de dependência intruncada nas estruturas de que somos parte integrante e edificante também.

Já agora, vale a pena pensar nisto.




Prozac

1 comentário:

الرجل البسيط disse...
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