sexta-feira, 27 de julho de 2007

Eu, porquinho, me confesso...

Também me sinto amarrado. É uma sensação de sufoco. Como se fizesse parte de uma vara comandada por um porco-mor que nos mete uma folha de couve (muito pequenina) à frente para nos manter no caminho (cheio de incertezas). Não fossem os porquinhos que me acompanham na pocilga e confesso que já teria saltado a cerca do quintal. Teria fugido para bem longe, à procura do meu 'el-dourado'.

Partilho a angústia de Prozac. Sou invadido pela sensação de que querem transformar-me num qualquer produto de charcutaria barato (que nem sequer pode ser catalogado de DOP). Não sonho com o Barroso. Mas passo tempo demais a pensar no homem. Queria respirar outros ares e escapar da matança. Queria ser amparado. Por alguém que não tivesse a faca na mão, para nos degolar a sangue frio. A anastesia que nos dão no final do mês não compensa a agrura constante de pensar que, a pouco e pouco, eles se vão alimentando das nossas vísceras.

Também tenho medos. Do amanhã, por exemplo. De pensar que posso fazer parte de uma outra vara, que arrasta as patas com esforço (e sem ver qualquer resultado palpável). Receio perder-vos o norte. E lamento que, por todo o lado, hajam porquinhos-mor até bem piores do que aqueles que temos apanhado. Tenho muita pensa que exista tanta imundície por esse mundo fora. Animais sem escrúpulos que se estão nas tintas para a qualidade dos porquinhos que decidiram escolher esta vida repleta de dúvidas e de crises existenciais. Porque há sempre um ou dois porcos malhados que se safam, com base em critérios dúbios que tão bem conhecemos.

Somos nómadas de uma estranha forma de vida. Seres errantes (des)iludidos por sonhos desfeitos. Projectos de vida que se arrastam indeterminadamente no tempo. Talvez fosse bom mudar de vida. Desculpem, mas hoje acordei assim. Não é mau de todo. Até porque amanhã posso acordar bem pior...

SEDOXIL

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