sexta-feira, 15 de junho de 2007

O lado poético e sensível do jornalista

Gostava...

Gostava de barrar o teu corpo com manteiga
e vê-la a derreter enquanto escrevo uma peça.
Gostava de te ver a correr toda nua, pela rua,
qual Aurora Cunha.
Sem maldade, gostava que fosses a minha musa.
Porque se fosse com maldade, dizia-te já
que era só para me dar tusa.
Gostava que teu corpo beijasse o meu.
Que me incendiasses com o teu desejo.
E que a minha mangueira resolvesse o ensejo.

Mas não sou bombeiro nem ladrilhador.
Até nem tenho jeito para trovador!
Olha, tivesse eu um tractor
e passava a ser um agricultor.

Gostava de te barrar com manteiga
e vê-la a derreter enquanto noticio.
Serão factos, serão novidades?
Informação não é, certamente.
Porque os jornalistas não noticiam assim.
Gostava de te barrar com manteiga
e ter imagens para pintar a minha peça.
Empresta-me a tua parabólica.
Sintoniza-te em mim.
Que eu vou continuar
a barrar-te com manteiga.

SEDOXIL

Sem comentários: