Para fazer jus aos meus colegas de profissão, não podia deixar de concordar - e alinhar - com a metáfora.
O pior do amor - e também do sexo - é a traição. E também isso acontece no Jornalismo. Às vezes, somos traídos porque somos obrigados a ir contra os nossos próprios princípios: quando temos de fazer "um servicinho" só para agradar a alguém. Outras vezes, somos traídos pelas fontes. Atraem-nos, enrolam-nos e, no final, passam-nos a informação que lhes convém passar (e que, tantas vezes, não NOS convém divulgar). Pior ainda: somos traídos pelos colegas, pelos chefes de redacção, pelos editores. Num momento são amigos, no outro... não são inimigos, são dissimulados - como um orgasmo atingido em 5 minutos depois de atirada a desculpa da "dor de cabeça". Num momento, somos bestiais, no outro bestas. Num momento, somos o próprio orgasmo, no outro, uma erecção falhada.
Tal como no sexo, a atracção conta. Temos de atrair a atenção - sem ser espalhafatosos - e temos de atrair as fontes - sem cair na "promiscuidade". Mas também a atracção pode virar-se contra nós... Ou não estariam as redacções cheias de profissionais fisicamente interessantes e intelectualmente vazios, enquanto nós - intelectualmente preenchidos e fisicamente normais - continuamos a dar o rabinho pura e simplesmente para que nos deixem trabalhar. Com condições, com dignidade, com prazer. Continuamos a atirar-nos de cabeça, em direcção ao túnel, à procura da luz, sem protecção. Ou sem preservativo, se quiserem. E, depois, rezamos... para que não venha daqui uma gravidez indesejada...
Valdispert
quinta-feira, 14 de junho de 2007
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1 comentário:
Mas é que até para as gravidezes indesejadas já há solução... deviam inventar uma 'morning-after pill' para quem palmilha o percurso profissional a dar com os burros na água.
Saudações nerviosas! (o 'v', deve ler-se 'b').
Do amigo
Prozac
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