quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O Zé e o Sarko


A propósito das "Saudades" do meu caro Sedoxil, tenho a dizer o seguinte - e quase, quase fazendo minhas as palavras da Teresa de Sousa no Público de hoje (mas eu nunca faria minhas as palavras dela...):

Vem aí a presidência francesa! É certo que, pelo meio, há outra coisa que se chama Eslovénia, mas não fora o Kosovo e já estaríamos todos era falar dos previsíveis "feitos" do presidente Nicolas Sarkozy no último semestre de 2008. Os temas já são conhecidos: imigração, imigração, imigração! Não fora ele, Sarko, quem apelidou de escumalha os jovens descendentes do Magreb... E, leia-se, imigração ILEGAL. Desenganem-se os que pensavam que se tratava de avançar com o sistema de asilo comum, as regras uniformes para a imigração etc. Não. Do que se vai falar é como tornar mais ágil as barreiras comunitárias aos imigrantes dos continentes mais pobres - Ásia e África, para os distraídos...
A minha dúvida é quem é que vai levar a melhor na História. Se Sócrates, para quem TUDO (ou quase tudo, se não contarmos com o inresoluvel Kosovo, mas isto agora não interessa para nada, porque a presidência portuguesa foi um sucesso!) teve uma dimensão histórica. Os mais atentos perceberam que para o primeiro-ministro português todos os passos concretizados durante o semestre português na Europa tiveram uma dimensão absoluta e inequivocamente épica. Muitos foram os dias em que Sócrates enalteceu, auto-elogiando-se e esquencendo méritos alheios, os grandes "feitos" da presidência portuguesa. É que até a liberalização dos serviços postais - sim, dos correios... - assumiu contornos de facto histórico. Cá para mim, ele sabia bem que metade do que a presidência portuguesa fez e anunciou não passava da gestão corrente das pastas que calham a cada presidência rotativa. Ainda assim, isto era mesmo era uma bela estratégia para escrever, nem que à força, o nome na História da UE, a antencipar um presidente do Conselho Sarkozy que promete ser mais interventivo, mais carismático, mais energico, mais barulhento. Isto, para não falar de que o tipo é presidente de um país que se chama França, e não Portugal. (Atenção, que isto não é uma ode ao Nico...)

Eu cá não sou de intrigas, mas, à semelhança do que fez Barroso ao abandonar o cargo para correr para a Europa, não me admirava que Sócrates estivesse já a piscar o olho de fininho ao cargo de Presidente do Conselho instituído pelo Tratado de Lisboa. Mas já agora, que o faça em melhor estilo... até lhe deve dar tempo para terminar o mandato como primeiro-ministro.
Portanto, caro Sedoxil, não fiques triste. Fecha-se um ciclo, é certo, mas abre-se um outro que fala francês. ehh alors... qu'es-ce qu'on peut faire?! c'est la France qui paye!


Prozac



PS: Continuamos à espera de Xanax e Valdispert

sábado, 22 de dezembro de 2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

NO RESCALDO DA CERIMÓNIA

Coisas realmente importantes a reter da Assinatura do Tratado de Lisboa

ANIMAÇÃO MUSICAL
Os putos da Academia de Amadores de Música estiveram bem. Foi porreiro, pá. Para amadores, nada mau: tiveram uma actuação digna de profissionais. Espero que a presidência portuguesa tenha arranjado uma justificação para os miúdos entregarem na escola.

OS RABISCOS
A caneta de prata usada por cada chefe de estado e de governo - para assinar o calhamaço de 10 quilos e que tem montes de palavras escritas em vários idiomas - era bem gira. A avaliar pelo design atractivo da coisa, certamente não de tratava de uma BIC. Foi pena Sócrates não ter enviado um exemplar da caneta supra-citada para os reformados que sobrevivem com 100 euros por mês. Sempre dava para vender aquilo na ourivesaria lá na aldeia.

OS BALDAS
O tipo do Reino Unido esteve mal. Gordon Brown preferiu ir ao parlamento britânico responder a umas perguntas de uma comissão qualquer, em vez de vir a Lisboa, a horas certas, para autografar o calhamaço. Resultado: chegou a Museu dos Coches já à hora de almoço (e só depois é que rabiscou o nome no mega livro, bem longe do olhar de todos). A questão essencial é saber se Brown já tinha almoçado antes de chegar a Lisboa (almoçando assim 2 vezes). A resposta deve surgir numa das próximas edições do «24 Horas».

OS MAL EDUCADOS
Sarkozy também esteve mal. Não por ter falado com os jornalistas franceses antes de ser recebido por Sócrates, mas antes porque não se enfrascou. A versão «Sarkozy sóbrio» não chega aos calcanhares da versão «Sarkozy vodka». O presidente francês é a ovelha negra da cerimónia e é a vergonha para qualquer aparelho de detecção de álcool no sangue.

OS GRITOS DA DULCE
A actuação de Dulce Pontes ficou aquém das expectativas. Foi pena ela não ter cantado. Dava para perceber que aqueles gritos eram laivos de dor. Pela entoação dos berros, creio que se tratava de uma dor de dentes. As cortinas que ela levou vestidas eram giras. Só não se percebeu que raio era aquilo que ela tinha na cabeça: seria alguma coisa que restou da cimeira UE-África?

A DISPUTA
Volto a Sarkozy e a Gordon Brown para evidenciar a competição a que ambos de prestaram: Sarkozy arranjou maneira de ser o último a chegar. Brown arranjou maneira de ser o último a assinar...

A CORRIGIR
Numa próxima assinatura de um outro qualquer Tratado, deixo alguns conselhos. A saber:

- aproveitar a dimensão extraordinária do écran gigante para projectar filmes decentes (em vez de se colocar imagens de bandeirinhas estúpidas);
- organizar uma rave party, rentabilizando assim o magnífico cenário dos Jerónimos e o excelente jogo de luz que iluminou a cerimónia;
- servir vodka ao Sarkozy antes de ele chegar ao local;
- dizer ao Gordon Brown que a cerimónia realiza-se 2 ou 3 dias antes de ela acontecer efectivamente (garantindo assim que o homem chega a tempo - não só de almoçar, mas também de participar como os outros camaradas);
- evitar que Durão Barroso fale em francês, inglês ou qualquer outra língua que não a portuguesa);
- dizer previamente a José Sócrates que o tempo de discurso reservado para ele é de 50 segundos;
- convidar o Kadhafi e os seus camelos para que os jornalistas tenham realmente algo mais estimulante com que se entreter.

NOTAS À MARGEM
Quem é o responsável pelo serviço de catering? Há 6 meses que o pessoal da imprensa anda a comer os mesmos mini-bolos e fritos de qualidade duvidosa. Assim, não há estômago que aguente.
E quem é o tipo que ficou encarregue dos brindes? Há 6 meses que andam a distribuir chapéus de chuva. Por que não variar e oferecer um gorro, um cachecol ou uma camisa com o logótipo da presidência portuguesa? Dava-me jeito. É que tenho um casamento daqui a umas semanas.
Os chefes de estado e de governo leram aquilo que assinaram? Devia haver um interrogatório para averiguar o grau de conhecimento dos tipos. Ou então um teste escrito e uma prova oral com perguntas eliminatórias. O que chumbasse ia fazer de Dulce Pontes na assinatura do próximo Tratado.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

E AGORA ALGO COMPLETAMENTE DIFERENTE...

A verdade do Google...

1) Vai a http://www.google.pt/
2) Digita: "político honesto"
3) Clica no botão "Sinto-me com sorte" (e NÃO em "pesquisa Google")
4) Aprecia o resultado...

Sedoxil

domingo, 2 de dezembro de 2007

NOVO DISCO JÁ À VENDA!!!

Contactos para espectáculos: Sedoxil Management

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Apetece-me bater no Vasco Pulido Valente

Crítica à crítica do Vasco Pulido Valente sobre o «Rio das Flores»

Contextualizando: o PÚBLICO pediu a Vasco Pulido Valente para escrever uma recensão crítica ao «Rio das Flores», o novo romance de Miguel Sousa Tavares. O resultado pode ser lido AQUI (mas evitem agora dispersar-se desta minha genial crítica à crítica do Pulido Valente. Leiam mais tarde, por favor. Obrigado).

Escusado será dizer que o marido da Constança Cunha e Sá (assim só se estraga uma casa...) não gostou do livro. Ou melhor: mais do que não ter gostado do livro, o Vasquinho passa um atestado de incompetência ao Miguel, acusando-o de ser «superficial», «ignorante», «pobre» e «invulgar». Para evitar confusões de maior, o 'El Vasco' faz questão de frisar: "discuti neste artigo um livro e um autor, não estou disposto a discutir a pessoa de Sousa Tavares." Uff!!! Ainda bem, caro marido da Constança Cunha e Sá. Se a tua opinião acerca do livro é o que é, nem quero imaginar como seria um artigo de opinião sobre o próprio Miguel Sousa Tavares!...

A análise de Vasco Pulido Valente (marido da Constança Cunha e Sá... não sei se já tinha mencionado tal facto) é de tal forma exaustiva que vai ao ponto de afirmar: "No Rio das Flores há 17 descrições de comida. Dessas 17 só quatro ou cinco (e com muito boa vontade) se justificam." Primeiro: Vasquinho, não é «No Rio das Flores». É «Em "Rio das Flores"». Depois, ficava-te bem colocares uma vírgula a seguir ao título do livro (na escola primária não te ensinaram a separar as orações?). Já agora: mais uma vírgulazinha a seguir a «Dessas» e - garanto-te - a tua frase estaria gramaticalmente espectacular. Com essa idade, talvez não haja muito que fazer. Em todo o caso, camarada Vasco (e atendendo ao programa de alfabetização que o governo criou para a terceira idade), podias terminar a 4.ª classe. Vê lá isso, Vasco.

Vasco Pulido Valente entende, portanto, que só se aproveitam 4 ou 5 dos 17 pratos de comida descritos. Muito provavelmente, o marido da Constança Cunha e Sá não gosta dos restantes. Vai daí e decide censurar tudo o que vai para além do seu bom gosto. Avante. Vamos a mais uma pérola do Vasquito: "Há quem se entretenha com esta espécie de produto [«Rio das Flores»], mas não se trata com certeza de literatura." Pois não, Vasco. Tens razão. Vendo bem, aquilo nem é um livro. É, antes, a secção de anúncios de beleza das Páginas Amarelas, camuflada por uma capa que diz «Rio das Flores».

Literatura, aquilo? Nem pensar! Mais vale perder tempo a ler os rótulos das embalagens de lixívia do que a nova obra de Sousa Tavares. Eu falo por mim: depois de ter lido a crónica do marido da Constança Cunha e Sá, fiz questão de ir buscar o «Rio das Flores» à estante, regando-o com alcóol 100% puro. Enchi um pequeno assador de barro com centenas de páginas do livro a arder vertiginosamente. E grelhei um belo chouriço. Realmente, constatei que não foi por utilizar as folhas do romance que o meu chouriço ficou mais rico - o que comprova claramente a teoria de Pulido Valente, que diz que o «Rio das Flores» é pobre. Eu diria mais: é pobre e não acrescenta sabor à comida. Vou mas é ali buscar a embalagem do Tide Máquina. Ontem, deixei a leitura do rótulo a meio e estou curioso por saber como é que termina aquela junção toda de ingredientes marados e biodegradáveis...

SEDOXIL

O Grito do Ipiranga!




Este blog morreu?

Perderam a password, foi?!

Indignem-se! Escrevam! Digam mal dos patrões, da classe, mas escrevam! Ou, então, dêm boas notícias e digam que está tudo benzinho...

Eu não me esqueço daquele almoço em que estavamos todos 'excitados' com a ideia de podermos ter a nossa própria 'publicação' online!


Abraços



Prozac

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O Sócrates irrita-me, sei lá...

A arrogancia do nosso Sr. primeiro-ministro atinge agora limites preocupantes. Acrescido do facto de que, a laia de um two-step flow, a arrogancia aumenta por ocupar um dos cargos de maior relevo a nível Europeu; e, por outro lado, pelo próprio cargo, ainda que temporário, ser um facto exponenciador da imagem de Portugal para a Europa e, num limite, para o Mundo. E aqui, digo eu, nao estamos a marcar pontos...

Primeiro, a trapalhada da Cimeira UE-Africa...

É claro que nao digo que nao seja necessária, mas a novela actual é, de facto, uma reprise de há uns anos atrás. Já se tentou fazer isto. Nao resultou - também com um já quase típico veto britanico a presença de Robert Mugabe. Muito bem que se tente. Mas sem o desvario quase ingénuo com que o nosso Ministro dos Estrangeiros, Luís Amado, anunciou o evento que, com a mais absoluta certeza, resultaria num dos maiores sucessos da Presidencia Portuguesa da UE.
O resultado está, para já, a vista. Quase nem se fala de quem vem. Nao. O que faz os títulos de jornal é quem nao virá a Lisboa, em Dezembro próximo.
A juntar a petulancia de Sócrates, aí está Brown. O PM ingles, sem ainda por uma vez sequer ter feito uma "apariçao" oficial na Uniao Europeia boicota a grande prioridade da Presidencia, e uma daquelas que deveria estar no topo da maioria dos burocratas europeus em Bruxelas e em Estrasburgo.
É óbvio que o nosso PM (muito pouco) socialista nao se ficou. No lugar de ficar quietinho, antes que a coisa de mesmo para o torto e o Pavilhao Atlantico esteja as moscas nos dias 8 e 9 de Dezembro, sem europeus nem africanos, surge Sócrates a garantir que, efectivamente, haverá Cimeira UE-África. Para ler aqui.
Na verdade, sobre o que, de facto, consta da agenda do encontro histórico entre os dois continentes é que ainda ninguém falou. Se Mugabe nao pode vir, segundo Gordon de Inglaterra, por questoes relacionadas com a violaçao sistemática de Direitos Humanos, entao, será este um tópico óbvio da agenda da reuniao?
E ainda que mal pergunte: nao será Mugabe uma espécie de bode espiatório? Quando brown disse, aqui, que nao aceitaria sentar-se na mesma mesa que uma pessoa que trata mal o próprio povo, entao, aceitaria sentar-se com os senhores que mandam na Libéria? no Sudao? no Congo? e na Guiné-Bissau?

"Tenho um fraco pelo Vladimir"
Nao, nao disse. Mas Sócrates gostava de certeza de o ter dito alto e a bom som. Já nao é a primeira vez que o primeiro-ministro portugues escolhe os piores momentos e, sem dúvida, as piores palavras para saltar em defesa do amigo Putin.
A primeira vez foi a dias de pisar a Casa da Música, no porto, para receber em ombros a Presidencia rotativa da UE. Foi a Rússia, dormiu no Kremlin, correu na Praça Vermelha e aproveitou para dizer, para quem quis ouvir, que a Europa nao tem quaisquer licoes de moral ou de direitos humanos para dar a Russia. Isto, dias após a Cimeira do G8, em Heiligendamm, onde Angela Merkel saiu elogiada a esquerda e a direita, por governos e organizaçoes de defesa de direitos do mundo inteiro por, finalmente, ter posto os pontos em todos os ii com o Sr. Putin, no que respeita a violaçao de direitos humanos naquele grande país.
Hoje vemos outra vez a triste figura que Sócrates faz na cena internacional. Numa altura em que todos se questionam sobre a legitimidade (constitucional e moral) das novas intençoes de Putin, Sócrates vem, aqui, com leveza, explicar que isso tudo sao assuntos internos de Moscovo e que a Europa nao deve imiscuir-se nestas questoes. E mais, se a Europa quer manter boas relaçoes com Moscovo, entao, terá que respeitar este limite.
É óbvio que isto nao é mais do que a preparaçao para uma Cimeira UE-Rússia, cuja agenda nao ira alem dos temas da energia e da segurança. Ouvidos moucos, pois está claro. Já nos tinha habituado.
Sinceramente, nao sei se é burrice ou ingenuidade. Mas será mesmo que José Sócrates pensa sair em grande de uma tornée europeia pontuada a solavancos, pontapés ao lado e foras de jogo?

Prozac

PS.: Desculpas, aos poucos que nos visitam, pela falta de acentos. Teclados que nao falam portugues.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ao vivo na Grand´ Place: Miguel Sousa Tavares

Não quero tornar ao tema óbvio (?!) deste blog - o sexo. Em vez de sermos nós a dizer, tem muito mais piada colocá-lo, ou ouvi-lo, na boca de outros - jornalistas, claro.
Hoje assisti a uma 'conferência' sobre o homem das letras, Miguel Sousa Tavares - onde o próprio esteve presente.
Apresentaram-no como "o escritor que fez os portugueses tornarem a ler". Não sei se é assim, e muito menos se isto se faz apenas com um romance, ainda que muito, muito bom.
A certo ponto, foi-lhe pedido que explicasse o percurso que o levou de jornalista a advogado, de advogado de novo a jornalista e, depois, de jornalista a escritor. Para ele, MST, o paralelismo entre jornalismo e prostituição também é óbvio! Gargalhada embaraçada da maioria dos senhores - das letras e do jornalismo muitos deles - de meia-idade presentes naquela sala austera.
Num francês meio-arranhado ele dizia qualquer coisa como o seguinte: "Deixei a advocacia não apenas porque eu queria o jornalismo. Acho que é uma prostituição. O jornalismo também é, mas dá muito mais prazer."
Dia 26. Sim, é o dia da Cimeira UE-Rússia, mas não é disso que quero falar! É o dia em que Miguel Sousa Tavares lança em Portugal o seu segundo Romance. A história começa nos anos 30, segundo revelou, e a ideia surgiu de uma conversa com um piloto (imaginem o senhor a tentar dizer isto em francês para uma plateia portuguesissima!) no cockpit de um boeing, a caminho do Brasil. É maior do que o Equador.
"Dêem-me uma história e eu escrevo o que quiserem. Dêem-me uma folha em branco e não saberia o que fazer com ela." O realismo dos factos, a investigação, a imagem da pena, os frescos que se pintam nos olhos de quem lê foi buscá-los, secondo me, ao jornalismo. Diz que sabe sempre como vai terminar a última página.
Eu, pelo menos, estou ansiosa.

Prozac

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Eu, porquinho, me confesso...

Também me sinto amarrado. É uma sensação de sufoco. Como se fizesse parte de uma vara comandada por um porco-mor que nos mete uma folha de couve (muito pequenina) à frente para nos manter no caminho (cheio de incertezas). Não fossem os porquinhos que me acompanham na pocilga e confesso que já teria saltado a cerca do quintal. Teria fugido para bem longe, à procura do meu 'el-dourado'.

Partilho a angústia de Prozac. Sou invadido pela sensação de que querem transformar-me num qualquer produto de charcutaria barato (que nem sequer pode ser catalogado de DOP). Não sonho com o Barroso. Mas passo tempo demais a pensar no homem. Queria respirar outros ares e escapar da matança. Queria ser amparado. Por alguém que não tivesse a faca na mão, para nos degolar a sangue frio. A anastesia que nos dão no final do mês não compensa a agrura constante de pensar que, a pouco e pouco, eles se vão alimentando das nossas vísceras.

Também tenho medos. Do amanhã, por exemplo. De pensar que posso fazer parte de uma outra vara, que arrasta as patas com esforço (e sem ver qualquer resultado palpável). Receio perder-vos o norte. E lamento que, por todo o lado, hajam porquinhos-mor até bem piores do que aqueles que temos apanhado. Tenho muita pensa que exista tanta imundície por esse mundo fora. Animais sem escrúpulos que se estão nas tintas para a qualidade dos porquinhos que decidiram escolher esta vida repleta de dúvidas e de crises existenciais. Porque há sempre um ou dois porcos malhados que se safam, com base em critérios dúbios que tão bem conhecemos.

Somos nómadas de uma estranha forma de vida. Seres errantes (des)iludidos por sonhos desfeitos. Projectos de vida que se arrastam indeterminadamente no tempo. Talvez fosse bom mudar de vida. Desculpem, mas hoje acordei assim. Não é mau de todo. Até porque amanhã posso acordar bem pior...

SEDOXIL

Fantasia etimológica

Gosto desta palavra: Serendipity.
Sim, já gostava antes de lhe conhecer o significado. O que é que foi, não posso ser fútil?

E cá vão possíveis significados:

Serendipity 1:

The laws of chance, strange as it seems,
Take us exactly where we most likely need to be
[David Byrne]

Serendipity 2:

A very good coincidence, often leading to something really awesome.
'It was serendipity that I put one quarter in the gumball machine and three came out. :-)'
[Urban Dictionary]

Serendipity 3:

A fortunate accident.
'I got lost and found a bag of money ,what a serendipity.'
[Urban Dictionary]


Estou à espera do meu serendipismo.


Prozac

Assim não brinco mais.


Sim, é um statement.

Estou farta:


- de pensar nisto
- de acordar às cinco e meia da manhã, como se já tivesse dormido dez horas seguidas e tranquilas, como acontenceu hoje
- de sonhar com o Barroso - no final, bem sabemos, eles nunca as deixam para ficar connosco -, e quem diz o Mr.B. diz outro qualquer das lides do primeiro
- de não ter as rédeas da minha situação profissional
- de continuar a dar margem para que sejamos, colectivamente, violentados
- de me sentir tipo porco em dia de matança: 'eu sei no que isto vai dar, but I'm sleeping and walking, sleeping and walking, how am I doing this?!'
- de espernear - e berrar - como o porco no dia em que dele fazem chouriças
- de continuar por cá, pois parece que, apesar de já terem sugado tudo, se misturarmos bem, do que sobra ainda se faz uma linguiça
- de ser a pessoa certa - ou uma das, não reclamo exclusividades arrogantes - no sítio mais errado do mundo
- dos três segundos - em que passo de bestial a besta
- de pensar em frames e planos
- de corrigir rodapés
- de gente medíocre

Do que eu gosto mesmo:

- de vocês, porquinhos como eu
- da incrível capacidade da raça humana em gerar e sustentar laços, tipo raiz
- do dia de hoje, que é o último
- do ar fresco do freelance, o único momento em que penso que um editor não faz falta nenhuma e não preciso dele
- do DN de hoje

Suspeitas:

- de querer voltar à imprensa
- de que vocês me vão fazer falta
- hum... cheira-me que vem aí coisa


Prozac

terça-feira, 17 de julho de 2007

O amor é um lugar estranho

A Viviane esteve cá e ninguém me disse nada...

Confesso de que sou um eurocéptico e não percebo nada de assuntos sobre a Europa (longe de mim, inclusive, ambicionar trabalhar em algo relacionado com este tipo de matérias). No entanto, sou um profundo admirador do sexo oposto (o que me leva a autocatalogar-me de heterossexual assumido). Em resumo: o que há, afinal, de comum entre a Europa e este meu particular gosto depravado por amazonas encantas? A resposta é Viviane Reding.

Se não estou em erro (e perdoem-me se induzo em erro, mas, como referi, não percebo nada de assuntos europeus), Viviane é comissária para a sociedade de informação e media. Há algo no olhar dela que me perturba. Aquele cabelo repleto de laca, o sorriso maravilhoso que nos faz esquecer a placa dentária, o jeito calmo e sereno com que transmite toda a sabedoria. A Viviane é a perdição de qualquer heterossexual.

Afinal, talvez a Europa não seja um caso perdido. Acredito piamente que o papel da Viviane ultrapassa em muito todas as metas e objectivos definidos em prol da sociedade da informação e media. Esta mulher sabe cativar os machos. Todas as noites fantasio com a Viviane. Sonho que estou a escrever um mail e, de repente, a merda do portátil entra em colapso. E lá vem ela, do fundo do corredor, a entrar-me pela sala adentro, com um vestido vermelho de cetim. "Já experimentaste a fazer um restart?», pergunta-me. «Não, Viviane. Achas que é preciso?», respondo. E, a partir daqui, a minha alma fica mais serena, o portátil normaliza e a minha sala transforma-se numa sucursal do Passerelle (com a Viviane agarrada à enorme cana que está a segurar a planta trepadeira de 3 metros, dançando ao som de Mika e retirando pausadamente as peças de cetim).

Num outro sonho, estou eu a fazer uns bifes com salsichas e batatas fritas. Primeira aflição: a lata das salsichas não abre. «Aparece. Viviane...», penso gulosamente. «Sorry, mas eu é mais sociedade de informação e media», responde-me ela, depois de mais uma aparição fogaz com o seu semblante de cetim. É nessa altura que pego no comando e faço um zapping tresloucado. E digo: «Olha, olha, Viviane: são ainda 6h da tarde e os tipos do Panda interromperam a programação para passarem anúncios sobre alimentos que engordam!!». Ela aproxima-se de mim (desta vez, veste um fato de treino justo da Adidas), esboça um sorriso e passa a mão suave pelo meu rosto. «Eles são malucos. Deixa-os. Não queres antes ir ali para a sala ver se as molas do teu sofá aguentam com todo este potencial de sociedade de informação e media??!». É nessa altura que acordo. Apercebo-me que tudo não passou de mais um sonho. E recordo que é injusto e inadmissível que a Viviane mantenha aquele caso amoroso com o Durão...

SEDOXIL

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Das tendências

E agora, algo completamente diferente!
A verdade é que este post poderia ter milhares de títulos.

Da Liberdade.
Da hipocrisia.
Do obscurantismo.
Do contraste.
Da loucura.
Da idiotice.
Da dependência.

Ou outros. Eu sei lá.
Diz, portanto, que na Rádio Renascença saiu regra interna - claro, que estas coisas nunca se admitem do lado de fora, pelo menos por quem toma as decisões - que proibe os jornalistas de utilizarem a expressão "interrupção voluntária da gravidez". Os repórteres terão, por isso, de se referir sempre ao "aborto". Que, já agora, é um aborto de palavra.
Os patrões da rádio acham que a expressão em causa é demasiado soft e que não chega a exprimir - nem a espremer - a monstruosidade da prática.
Logo, sempre que um jornalista - mesmo salvaguardado (?) pelo seu Código Deontológico, pela Lei da Imprensa, pela autoridade do bom senso e até da sensibilidade - quiser falar de IVG, não pode.

Não vale.

Mas acontece que estas coisas se sabem, depois, nos corredores - ínfimos - reservados à imprensa, à porta de conferências de imprensa, conversas sussurradas e indignadas entre uns e outros, sendo que os 'uns' são os visados da regra.
Caramba. Isto tudo quando eu pensava que já ninguém pensava noutra coisa que não nas autárquicas na capital. Isto tudo numa época em que tornamos a ouvir falar de purga, de silenciamento de oposição - miúda, é certo -, de atentados à liberdade de expressão e até do direito à piadola.
Agora é esperar pela próxima. Pode ser que os jornalistas da RR qualquer dia tenham de trocar a expressão "homossexual" por "paneleiro" - porque descreve melhor a realidade, naturalmente.
É que se isto viesse da Polónia, nem havia motivo para espanto. Lá até o Tinky Winky foi perseguido, apenas e só, por ter um pequeno fetiche por malas de senhora. O Winnie the Poo safou-se de boa... E o rasgo dos senhores fundamentalismo polaco-europeu-pós-moderno-à-era-das-cavernas até deu direito a gargalhadas sonoras na sala de imprensa da Comissão Europeia.

Claro que tem piada. Mas vamos parar para pensar.

Desculpe, não se importa de repetir?!

Como é que a redacção da RR não se levantou aos berros?
Por que razão haveriam os senhores patrões da RR fazer descer o nível desta discussão tão baixo?
É que isto, quanto a mim, merece uma resposta de merda, como a regra.
É grave.
Não só é grave, como é ainda mais grave que nós, jornalistas, nos deixemos encruzilhar nestas teias de interesses - obscuros, retrógrados, sádicos e sintomáticos de dependência intruncada nas estruturas de que somos parte integrante e edificante também.

Já agora, vale a pena pensar nisto.




Prozac

domingo, 8 de julho de 2007

Os homens e o amor puro

Prezada Prozac,

tenho a certeza de que a Valdispert concordará contigo no "elogio ao amor", mas o que estranho é essa tendência sexista para excluir os homens da equação, já que é perfeitamente compreensível que eu ou o nosso amigo Sedoxil também possamos ter a mesma visão relativamente à matéria em discussão.

Eu sei que nestas questões do verdadeiro amor (daquele saudavelmente louco e desenfreado) as mulheres têm uma tendência para monopolizar o debate, mas penso que não existe razão para tal. Como aliás é facilmente demonstrado com o texto que mencionaste, precisamente da autoria de um homem. A história literária também contradiz essa ideia sexista, já que as grandes homenagens ao "amor puro" foram quase sempre feitas por homens...

Parece-me que tu, a Valdispert e eu vemos esta coisa do amor de uma forma distante (pelo menos nesta altura da vida), mas a grande questão é a seguinte: até que ponto estás tu, Prozac, (dirigo-te a questão porque foste tu que a levantaste, mas tem um carácter geral) disponível para o tal amor que MST fala?

Porque tal amor é bem mais arriscado do que aquele que é assumido por "comodismo". É um amor mais louco mas menos racional, mais empolgante mas menos controlável...

Por isso, seria interessante saber se perante uma oportunidade de "amor puro" tu irias mesmo embarcar nessa aventura com todos os riscos que isso acarreta. E a mesmo pergunta dirigo à Valdispert. Quanto a mim (é justo também "abrir o jogo"), só posso dizer que subscrevo o texto do MST, porque só assim é que vale a pena estar com alguém...

Xanax

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Da pantufa


Porque ele, Miguel Sousa Tavares, canta as palavras muito melhor do que eu; porque diz aquilo que gostaria de ter sido eu a inventar - como é que não pensei nisto antes?! -; porque ele, MST, conseguiu a proeza de tiranizar as palavras e dizer aquilo que é apenas tangível nas palavras que não se contam.

É que é mesmo isto.
Tenho a certeza de que Valdispert concordará comigo.


O Elogio ao Amor

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.
Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la.
Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha.
O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão alimesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia aspessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passívelde ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia serdesmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amorcego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, sãouma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nascostas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea porsopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.

O amor fechou a loja.

Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como nãopode. Tanto faz. É uma questão de azar.O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.

A "vidinha" é uma convivência assassina.

O amor puro não é um meio,não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não sepercebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor éa nossa alma. É a nossa alma a desatar.

A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amorque se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado,viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se podeceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.

A vida dura a Vida inteira, o amor não.

Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.


- Miguel Sousa Tavares, no Expresso -





E eu vou ali digerir isto. Talvez não volte. Ou não. Logo se vê.

Prozac

domingo, 1 de julho de 2007

Até breve

Caro Xanax,

O caminho, decerto, não será fácil, tendo em condideração o status quo da profissão, mas estou certa de que a meta será muito melhor.
"Um bom filho à casa torna", dizem os antigos. E a tua casa - como sempre disseste - não é o quadradinho mágico. Por isso, não tarda mesmo nada, vais trocar os planos pelas fotografias, os rodapés pelas legendas e os minutos, segundos e frames por caracteres, linhas e páginas.
Agora, só espero que, lá por teres deixado o ambiente que nos deixa com os nervos em franja, não deixes de estar "à beira de um ataque..." ;)

Até breve

Valdispert

sábado, 30 de junho de 2007

Foi um prazer...

Estimados colegas,

foi um prazer trabalhar convosco...

Xanax

terça-feira, 26 de junho de 2007

sábado, 23 de junho de 2007

Passatempos

Nesta imagem, existe, pelo menos, uma diferença. Descubra qual (nota: a solução está mais abaixo).








SOLUÇÃO: o salário (a profissão número 2 ganha dinheiro que se farta, não se chateia tanto e ao menos assume, de forma explícita, o tipo de actividade propriamente dito)
__________________________________________SEDOXIL

quinta-feira, 21 de junho de 2007

A viagem louca de Prozac

Prozac decidiu partir à descoberta de novos povos e culturas, numa viagem sem fronteiras. O espírito aventureiro desta amazona encantada coaduna-se com o destino escolhido: Bombaim. São (poucos) dias vividos de forma intensa. Longe das praias paradisíacas anunciadas nos folhetos das agências de viagens, Prozac sabe bem que a beleza dos sítios está na forma como olhamos para tudo aquilo que nos invade o olhar. Nós, por cá, tivémos acesso exclusivo a algumas imagens que testemunham a imensidão de experiências pelas quais Prozac está a passar.
Prozac à pesca do sargo e da sardinha com a população local. Prozac não aparece na foto, uma vez que, durante o lançamento da rede, ficou meia hora debaixo de água a desenrolar-se das linhas de nylon. A boa notícia: quando regressou à superfície, Prozac trazia um sargo de 300 gramas na boca. Boa pescaria, Prozac!

Prozac (na fila de trás, envergando um traje vermelho) com as mulheres dos encantadores de serpentes. Na cabeça, Prozac carrega um recipiente de barro com três pitons e uma cascavel.

Não se nota, mas Prozac está no cimo deste grupo de indianos tresloucados. Nota: a barba postiça e o turbante foram comprados numa loja de artigos de Carnaval, na baixa de Bombaim.


Prozac maquilhada a preceito para um jantar de gala na Tasca de Bombaim.

By SEDOXIL Tours

Retratos da Europa (chan chan chan!?!) – rejeitado na especialidade

Chegar a uma cimeira é uma coisa imponente da primeira vez. À segunda é mais ou menos como que uma confirmação – de tudo, do aparato, do tamanho, dos números, da segurança, etc. à terceira, e a partir daí, é sempre mais do mesmo.

Mas desta vez é especial. Já sentiram alguma vez o privilégio de poder assistir na primeira fila, aquele feeling fantástico da proximidade, os cheiros das cidades que acabam como palcos de história que, anos mais tarde, aparece nos livros de escola, na memória e na biografia dos grandes…?

Pronto. É mais ou menos isso.

E agora… já sentiram alguma vez aquela cena que é ver os – ou “as” mais em particular – que, em vez de se concentrarem no seu próprio trabalho – ou, simplesmente, ficarem caladinhas e quietinhas a fazer rolinhos com o cabelo – passam o tempo a comentar o traje germânico de uma que ali vai; as notas da sobrinha do colega que anda na mesma escola que o filho de outras duas amigas e também na escola da sua própria filha – esta última terá sido a última a chumbar…. Ou, ainda, quem é aquela que ostenta os brincos que dariam, certamente, para pendurar pintassilgos a dar-a-dar.

É que não há paciência.
E estas são as que se conhecem por ser “especialistas”. Jornalistas, claro. Mulherzinhas.



Prozac

Sedoxil Models

Moda * Publicidade * Cinema * Televisão
Rostos e corpos esbeltos
Uma das maiores agências de modelos do país
Venha conhecer o nosso Book completo

terça-feira, 19 de junho de 2007

Dúvidas? O Dr. Sedoxil esclarece!

Estava Sedoxil - eu próprio - a avaliar a possibilidade de abrir um consultório para ajudar camaradas do meio quando, de forma inesperada, a caixa de e-mail foi logo invadida por dúvidas de alguns jornalistas. Liguei para a Independente. Decorridos 3 minutos, recebo a boa nova por correio electrónico: "Parabéns! Obteve a sua licenciatura em Psicologia (especialização em jornalismo crónico). O certificado segue em anexo." E assim estavam reunidas as condições para o funcionamento em pleno do consultório do Dr. Sedoxil. Vamos lá esclarecer esta gente.

"Caro Dr. Sedoxil: o meu problema é simples. Sou jornalista, mas fui sondado por um amigo que é ministro. Ele insiste na minha ida para o gabinete de imprensa dele. Tenho muito receio, pois não sei escrever muito bem português nem fazer a pontuação de forma correcta e por isso tenho medo de não corresponder à expectativas deste grande homem do governo com quem tenho dormido. Nota: oferecem-me uma avença de 6 mil euros. O que devo fazer?" Luduvina Tremoço

RESPOSTA: A Luduvina ou é parva ou é prima do Saramago (as duas hipóteses não são, de todo, incompatíveis). Já que anda a dormir com o homem, faça um esforço suplementar (se é que o facto de dormir com ele contraria a sua vontade). A minha amiga não deve recusar este convite. Vá em frente. Sem medos. Somos homens ou não somos homens, Luduvina??!

"Muito obrigado por este consultório, Dr. Sedoxil. E obrigado pelo senhor existir. Eis a dúvida que me inquieta: sou estagiário há 8 anos. Já passei por 34 redacções e, em todas elas, prometem-me mundos e fundos. Já consegui até ficar quase um ano inteirinho numa delas! Por pouco, ia sendo integrado nos quadros de uma revista sobre pesca desportiva. Mas não fui. Mas uma coisa é certa: eu não desisto! Sinto que a minha oportunidade vai chegar. Não acha?" Telmo Braz & Braz
RESPOSTA: Julgo que o meu amigo Telmo não necessita de um psicólogo. Precisa é de ser internado numa prisão de alta segurança (para evitar que seres ingénuos como o senhor se possam reproduzir). Compre o jornal e leia a secção de horóscopos. Tenho a certeza que o Miguel de Sousa e o seu Oráculo de Belline não auguram nada de bom para si durante as próximas décadas. Já experimentou atirar-se de um prédio de 10 andares? Seja tentado a adoptar medidas radicais.

"Olá, Dr. Sedoxil. Deixe-me perguntar-lhe só uma coisinha: é normal o meu chefe pagar-me apenas 1.800 euros no final do mês??! Já tenho 2 anos de jornalismo, caramba!" Henriqueta Silva

RESPOSTA: Claro que é normal, Henriqueta. Isto se o seu verdadeiro nome for Tita e se o seu marido tiver o apelido Balsemão. Caso contrário, aconselhamos uma consulta urgente ao oftalmologista. Talvez a Henriqueta não esteja a ver bem os números que constam no cheque que recebe no final do mês. Não acha que já está na altura de arranjar uma solução para essas dioptrias? E já agora: talvez valha a pena pensar nisto.

"Quero aproveitar esta oportunidade para expor um assunto da minha importância. O meu nome é Jeovana e ando com um rapaz há 5 dias. Ontem à noite, no cinema, foi a loucura total: ele colocou a mão sobre a minha e, logo a seguir, demos um beijo com língua que durou mais de 5 segundos. Estarei grávida?" Pimpinha Jardim

RESPOSTA: A Pimpinha é mesmo uma doida. Mais: uma autêntica maluca à solta! Nós, por cá, apreciamos esse lado selvagem da vida. Contudo - e lamentavelmente - não me considero habilitado para responder à sua questão. Ainda assim (e por via das dúvidas) passe por uma farmácia, compre um teste da gravidez e veja lá o resultado disso em casa, está bem? Beijinhos à mãe.

SEDOXIL (Dr.)

Para um jornalista a culinária não tem limites

Bacalhau com natas

Pegue numa embalagem pré-cozinhada de bacalhau com natas. Leve ao forno durante 10 minutos. Retire e coloque o conteúdo num prato. Sirva com azeitonas.

SEDOXIL

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Deixem-nos trabalhar

Tenho saudades de fazer a diferença. De fazer Jornalismo que faz a diferença. Sinto falta de mexer com a vida das pessoas, de mostrar-lhes algo que não saibam, de estar presente num daqueles acontecimentos que mudam a História. De fazer Jornalismo fora da secretária.

Tenho saudades dos e-mails do público, de falar com eles na rua, de (tentar) responder a pedidos de ajuda, de ver olhos esperançados, de ouvir agradecimentos sentidos. Por mim e por eles.

Porque escrever artigos é muito giro, mas, este, é um país onde quase ninguém lê jornais. Porque fazer análise política - e estar por dentro dos meandros - é muito aliciante, mas o público não se interessa por mais do mesmo. Não temos de dar aos leitores/ouvintes/telespectadores apenas aquilo que eles querem. Não! Chega de Big Brothers, Casas de Famosos e Quintas de Gente Louca! Também temos de dar ao público aquilo de que precisa. Mas, sobretudo, acho que temos de dar-lhes a estória que pode fazê-los pensar, o "choque" que vai abaná-los, a informação de que estavam à procura, a novidade que vai deixá-los bem-dispostos, o alento de que precisavam...

Raras vezes vejo aquele Jornalismo que me deixa orgulhosa por ter escolhido esta profissão. E todos os dias sinto falta de fazê-lo. Num mundo em que os patrões estão lá em cima e quase não interferem (ou, pelo menos, não damos por eles). Num mundo em que os critérios económicos não são tão importantes quanto o valor-notícia. Num mundo em que também há stress, injustiças, cunhas, ingratidão.... mas há recompensas. Saber que fazemos aquilo de que gostamos é óptimo. Mas, às vezes, não chega. É preciso que nos deixem trabalhar.

Valdispert

sábado, 16 de junho de 2007

Nós e eles

Estimada Prozac,

concordo contigo quando mencionas que o "jornalismo assim é ingrato", sabendo bem a que te referes. Como tu também sabes, cabe-nos a nós retirar o máximo de prazer possível do "actual contexto em particular", o que, admito, não é fácil. Sobretudo por causa da mediocridade que tu tão oportunamente sublinhas. Não a "nossa", mas a "deles" (leia-se chefias).

Mas, acrescento ainda um outro problema, que se prende com as duas realidades que coabitam no nosso estaminé. De um lado, existe uma equipa que acredita nos ideais nobres da profissão, do outro, estão "eles", com uma visão puramente economicista da coisa.

Para nosso azar, tu e eu, assim como os restantes colegas de blogue, somos jornalistas com chefes empresários...funcionando com diferentes lógicas de pensamento e de gestão. Nós, como aliás a Valdispert tem observado aqui neste espaço, buscamos prazer na notícia, na reportagem, no texto, na fonte, etc, mas "eles" apenas se movem ao ritmo do saldo da conta bancária.

Não vejo qualquer mal em ser-se empresário para ganhar dinheiro, agora, já rejeito a ideia de empresários acumularem as funções de pseudo-jornalistas ou de pseudo-editores. Ora, é precisamente com esta última realidade que temos de lidar diariamente... para grande azar nosso.

Xanax

Do prazer

Caro Xanax,

Trabalho com prazer? Tanto quanto possível.
Longe de mim querer generalizar uma realidade complexa como é este ofício de ser jornalista. Refiro-me, e o meu caro amigo sabe-lo bem, ao contexto actual em particular.
Jornalismo assim é ingrato. Não há melhor palavra. Não há pior jornalismo que sentirmos que não contribuímos, que não acrescentamos, que, tão pura e simplesmente, corremos - não com, mas - como a maré.
Na minha óptica, jornalismo é sempre puro e duro. Claro. Transparente. Honesto. Honesto até nas tendências.
Mas, claro, que é tudo uma questão de predisposição.
A mim é que não me apetece ter um capataz (ou capatazes) que não gasta nem dez minutos do dia a pensar naquilo que nos tolda as falhas e as incapacidades; que nos condiciona a caneta; que fecha a lente; que escolhe apenas ver pequeninos pontos de uma fotografia que, na essência, é composta por milhares de milhões de pontinhos de todas as cores.
No fundo, e, em suma, odeio mediocridades. E é a mediocridade que me retira o prazer no trabalho. Quando passo a levantar o rabinho da cama com a vontade de quem vai, por exemplo, ao dentista - e é mesmo só um exemplo, podia arranjar mais mil, como ir ao ginecologista.
É mesmo por amar o que se faz e daí retirar toneladas de prazer orgásmico que continuamos a preferir fazer os 'servicinhos', como aponta, e bem, a caríssima Valdispert, como forma de manter a esperança de que os bons momentos hão-de tornar.
Esclarecido, Xanax?!

Bem Haja!
Prozac

sexta-feira, 15 de junho de 2007

O lado poético e sensível do jornalista

Gostava...

Gostava de barrar o teu corpo com manteiga
e vê-la a derreter enquanto escrevo uma peça.
Gostava de te ver a correr toda nua, pela rua,
qual Aurora Cunha.
Sem maldade, gostava que fosses a minha musa.
Porque se fosse com maldade, dizia-te já
que era só para me dar tusa.
Gostava que teu corpo beijasse o meu.
Que me incendiasses com o teu desejo.
E que a minha mangueira resolvesse o ensejo.

Mas não sou bombeiro nem ladrilhador.
Até nem tenho jeito para trovador!
Olha, tivesse eu um tractor
e passava a ser um agricultor.

Gostava de te barrar com manteiga
e vê-la a derreter enquanto noticio.
Serão factos, serão novidades?
Informação não é, certamente.
Porque os jornalistas não noticiam assim.
Gostava de te barrar com manteiga
e ter imagens para pintar a minha peça.
Empresta-me a tua parabólica.
Sintoniza-te em mim.
Que eu vou continuar
a barrar-te com manteiga.

SEDOXIL

Lazer e cultura

Imagem sugestiva para o fim-de-semana

Entre a leitura de jornais e afins (próprias do jornalista moderno que se quer actualizado), aconselha-se a prática de actividades lúdicas (condimentadas com paixão ou talvez não). O manual de instruções está AQUI. Se tiverem dúvidas, a Madonna explica NESTE livrinho. Depois, para a semana, encontramo-nos no local mais excitante de Lisboa. AQUI, claro está.
SEDOXIL

Seis notas para a Valdispert

Cara Valdispert,

Nota nº1: Quando existe "traição" já não há amor... parece-me que são dois conceitos incompatíveis. Quanto à traição no sexo, não percebo sinceramente como é que ela pode existir...

Nota nº2: A traição é quando nos apanham de surpresa, por isso, discordo desta tua ideia: "Às vezes, somos traídos porque somos obrigados a ir contra os nossos próprios princípios: quando temos de fazer 'um servicinho' só para agradar a alguém." Porém, concordo que existem algumas fontes que nos tentam trair, a nós, jornalistas.

Nota nº3: Admito que existem colegas, chefes de redacção e editores "traidores", mas também acredito que andam por aí colegas e chefias profissionais, com sentido de responsabilidade e de camaradagem.

Nota nº4: Se bem percebi a tua alusão ao orgasmo e à erecção falhada, só posso dizer que todos nós temos bons e maus momentos...

Nota nº5: Concordo contigo sobre a problemática da atracção.

Nota nº6: Valdispert, penso que a tua última parte do texto obedece a uma lógica muito estereotipada: já agora quem são os "nós, intelectualmente preenchidos e fisicamente normais"?

Xanax

Diz que me apetecia...


Às vezes, apetecia-me ser uma espécie de jornalista. Não um (ou uma) jornalista, mas uma espécie. Daqueles "diz que é" jornalista, mas que ninguém sabe bem ao certo o que é. Do tipo: 'bora lá aparecer em frente à câmara, dizer 3 ou 4 balelas e receber um cheque cheio de zeros... Ou 'bora lá a uns eventos, falar com umas cabeças ocas, escrever umas linhas sobre as belas roupas, os passeios fantásticos, a última moda, o mau gosto... e sair da redacção a tempo de ir ao ginásio, ao cinema, beber um copo, ter vida social.
Isto de ser jornalista a sério dá muito trabalho. Temos de cruzar fontes, confirmar acontecimentos, explicar conceitos complicados, fazer pesquisas, limitar o texto ao espaço (e tempo) disponível, fazer depressa e bem. Queremos conversar sobre futilidades e não conseguimos. Só nos saem nomes de ‘ilustres’ que ninguém conhece, acontecimentos que passaram ao lado da maioria dos portugueses, expressões que demoram três quartos de hora a explicar.
Apetecia-me poder dizer disparates e ninguém levar a mal. Apetecia-me não ter de perceber complicado para explicar fácil. Apetecia-me não ser exigente, contentar-me com pouco, ser idiota e feliz. Apetecia-me votar em Lisboa, eleger o PNR e acabar com a EMEL.

Valdispert

E agora algo completamente diferente

Uma pausa entre o «sexo» e o «jornalismo»

Diz que é uma espécie de candidato à autarquia de Lisboa (apesar de ninguém ainda não ter dado por ele). José Pinto-Coelho, do Partido Nacional Renovador, tem um programa eleitoral muito ambicioso (como é que os jornalistas não viram isto?!). A saber:

- Acabar com os tachos e mordomias;
- Extinguir as empresas públicas municipais desnecessárias (como a EMEL);
- Enfrentar a corrupção e o poderoso lóbi da construção;
- Alienar o património imobiliário municipal não afecto a qualquer função relevante.

Conclusão: se José Pinto-Coelho chegasse a presidente da Câmara de Lisboa, ele seria o único funcionária da autarquia; os «verdinhos» extinguiam-se e estacionava-se em qualquer lado; passávamos todos a viver em tendas de campismo; e leiloava-se o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.
Nós, por cá, já decidimos: o voto vai para o PNR. Assim como assim, a cidade já está transformada num inferno. Só falta satã para a governar.


SEDOXIL

Trabalho e prazer

Confesso que não esperava iniciar-me neste espaço em plena turbulência bloguítica, mas é com interesse que constato tão profícua actividade intelectual. Sem mais demoras, vamos agora ao que interessa...

Fui sempre uma daquelas pessoas que misturou trabalho e prazer... Rejeito a velha e puritana máxima que diz que não se deve misturar trabalho com prazer. Vejo precisamente a coisa ao contrário. O trabalho só faz sentido quanto dá prazer e quando se mistura com prazer. Aliás, é essa equação que me faz levantar entusiasticamente todos os dias da cama e ir trabalhar.

Ao contrário do que a estimada Prozac afirma, penso que são as diferentes formas de prazer que tornam as coisas interesssantes. Ou seja, não se deve eliminar à partida uma fonte de prazer, seja emocional ou puramente sexual (quem o faz lá terá as suas razões).

Se para o amor é preciso predisposição, para o sexo puro e duro é necessária uma certa arte e engenho. Admito que nem todas as pessoas partilhem estas características, consequentemente, há quem não esteja receptivo às formas mais "puras" e "duras" de sexo (sim, porque é de sexo que se fala e não de jornalismo).

No que me toca, é tudo uma questão de circunstância. Emoções ou sexo? Depende...

Aquilo que eu sei é que o sexo puro e duro é uma brincadeira de adultos, mas que pode dar muito prazer, assim como o jornalismo, refira-se. Por isso, rejeito em absoluto a visão pessimista da Prozac de que o jornalismo puro e duro é "sempre ingrato".

Na minha opinião, o importante é saber alcançar o tal "orgasmo" no trabalho, e a mesma forma aplica-se ao sexo puro e duro.

Quanto à "traição" de que Vladispert fala, lá chegarei...

Xanax

PS: Muito pertinente a observação de SEDOXIL, em "Nada de Exaltações, por favor"

Nada de exaltações, por favor

Valdispert e Prozac: vocês precisam é de um Sedoxil (para se acalmarem). Vislumbro uma certa agitação nos vossos corpos (sistematicamente a "abanicarem-se" com as folhas, para fazer ventinho para o rosto, é sinal de que estão mesmo em brasa). Será da Primavera?! Para os potenciais candidatos a "tomarem" Valdispert e Prozac, eis o manual de instruções previamente aconselhado...
A crítica literária da obra pode ser lida AQUI.
Isto sim, é serviço público.

SEDOXIL

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Quando a excepção faz a regra

"Ou não estivessem as redacções cheias de profissionais fisicamente interessantes e intelectualmente vazios, enquanto nós - intelectualmente preenchidos e fisicamente normais (...)"
CITAÇÃO DE VALDISPERT

CARTA ABERTA A VALDISPERT

Eu sei que te custa a admitir. A exuberância que salta deste meu corpo esbelto e escultural é de fazer parar o trânsito. Admite-o, Valdispert, sem qualquer hesitação. Eu sei que sou belo. Mais: humildemente, tenho a plena consciência de que sou a excepção à regra. Deus quis brindar-me com este dom. Deu-me um aspecto jovial de fazer perder a cabeça e uma inteligência brutal. Admite-o, Valdispert. Admite que eu - além de intelectualmente preenchido - sou mais do que normal. Sou, por assim dizer, o Apolo do novo milénio. O meu corpo fala por mim. As mulheres sabem do que falo.

Desde muito cedo fui obrigado a lidar com esta situação. Recordo-me perfeitamente de uma vizinha que me assediava a todo o instante. Tinhamos 15 anos. Já nessa altura elas (a minha vizinha, a mãe, a tia...) não me largavam. Tinham olho para o negócio. Sabiam que ali, mesmo à frente dos seus olhos, estava uma espécie de Adonis em tamanho «S». Hoje sou um «XL». Mas um «XL» que irradia beleza e que é infinitamente desejado. Porquê logo eu, caramba?!

SEDOXIL

Sexo, Jornalismo&Traição

Para fazer jus aos meus colegas de profissão, não podia deixar de concordar - e alinhar - com a metáfora.
O pior do amor - e também do sexo - é a traição. E também isso acontece no Jornalismo. Às vezes, somos traídos porque somos obrigados a ir contra os nossos próprios princípios: quando temos de fazer "um servicinho" só para agradar a alguém. Outras vezes, somos traídos pelas fontes. Atraem-nos, enrolam-nos e, no final, passam-nos a informação que lhes convém passar (e que, tantas vezes, não NOS convém divulgar). Pior ainda: somos traídos pelos colegas, pelos chefes de redacção, pelos editores. Num momento são amigos, no outro... não são inimigos, são dissimulados - como um orgasmo atingido em 5 minutos depois de atirada a desculpa da "dor de cabeça". Num momento, somos bestiais, no outro bestas. Num momento, somos o próprio orgasmo, no outro, uma erecção falhada.
Tal como no sexo, a atracção conta. Temos de atrair a atenção - sem ser espalhafatosos - e temos de atrair as fontes - sem cair na "promiscuidade". Mas também a atracção pode virar-se contra nós... Ou não estariam as redacções cheias de profissionais fisicamente interessantes e intelectualmente vazios, enquanto nós - intelectualmente preenchidos e fisicamente normais - continuamos a dar o rabinho pura e simplesmente para que nos deixem trabalhar. Com condições, com dignidade, com prazer. Continuamos a atirar-nos de cabeça, em direcção ao túnel, à procura da luz, sem protecção. Ou sem preservativo, se quiserem. E, depois, rezamos... para que não venha daqui uma gravidez indesejada...

Valdispert

Do romance


Interessante esta metáfora. Sexo, jornalismo. Jornalismo, sexo.
Não são novas as associações entre os dois ofícios.
Há quem diga que os jornalistas são como as p****.
A diferença é que as ditas se pagam melhor. Porque se formos falar de ‘xulos’, esses há em todas as redacções deste país.
Contudo, a ideia a concretizar (de forma nervosa, claro) é que, muito embora os retornos se possam assemelhar, a actividade jornalística nada tem a ver com a actividade sexual.
Sim, há o clímax – quando há um contacto importante, um entrevistado fabuloso.
Também há preliminares morosos - que não é para todos.
Mas quando chega ao final... nada.
Vejamos o que se passa com o sexo. Há envolvimento emocional: estamos à espera - e em norma recebemos - um abraço, um carinho. Puro e duro: "foi bom? gostaste? estás bem?" - esta última, no máximo dos máximos. E, talvez, mais tarde: "repetimos?".
No caso do jornalismo é sempre puro e duro.
Sempre ingrato.
Sempre sem abraços, beijinhos ou pancadinhas nas costas.
E também não nos deixa corados de prazer. É só mesmo a estafa.
A semelhança entre o sexo e o jornalismo é que, quão melhor for a performance, mais vão querer. Os 'xulos', claro.
Sabe a pouco.


Prozac


PS: Uma última semelhança: são os dois viciantes.

Mamã, estou na net!

COM OS NERVOS À FLOR DA PELE

Chegámos. Os computadores são lentos. Mas conseguimos criar um blog no espaço de 3 horas e meia. Nada mau. É bem mais fácil ter um orgasmo. E o serviço do «Blogger» não é, definitivamente, compatível com prazer sexual. Ninguém nos conhece. Mas toda a gente sabe quem somos. Incongruente? Não. Apenas uma constatação factual. Contudo, não deixa de ser curioso: 'postar' é quase como praticar o acto. Começamos lentamente (neste caso, a digitar caracteres), aceleramos o passo (os dedos atropelam-se nas teclas), vamos arfando (quando já se vislumbra o final do 'post') e eis chegado o momento da apoteose final (ie: 'publish post'). E para vocês, também foi bom?!...

SEDOXIL